Atrativo cultural: biblioteca de cordéis ganha vida em Fortaleza

 

Visitas a museus, livrarias e espaços onde as tradições e o folclore popular se manifestam sempre entram nos meus roteiros de viagem. Até mesmo onde moro, costumo estar de olho nas possibilidades que surgem em termos culturais. Recentemente, a inauguração de uma cordelteca em Fortaleza, chamou a minha atenção. Achei a ideia tão curiosa, que resolvi visitá-la.

A denominação é uma combinação das palavras cordel e biblioteca, o que, logicamente, remete a uma biblioteca que reúne obras da literatura de cordel, reconhecida, em 2018, como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan.

E caso você não tenha conhecimento, o Ceará é um grande precursor dessa arte e berço de grandes cordelistas, como Cego Aderaldo, Patativa do Assaré e Arievaldo Viana Lima.

Portanto, motivos mais do que suficientes para essa tradição literária ganhar um espaço dedicado a ela, configurando-se, ainda, como mais um atrativo turístico para a cidade.

E por que não? Afinal, a diversidade cultural do Nordeste é tão grande, que quanto mais acessível melhor!


Você sabia? A literatura de cordel, literatura popular em verso ou, simplesmente, cordel é um gênero literário popular escrito na forma rimada, originado em relatos orais e, depois, impresso em folhetos. Ele teve início em Portugal e chegou ao Brasil, especificamente, ao Nordeste logo após a sua colonização.


Mais de 2 mil títulos

Instalada no local onde funciona a coleção Rachel de Queiroz, no primeiro andar da Biblioteca Central da Unifor (Universidade de Fortaleza), a Cordelteca foi aberta com mais de dois mil títulos.

 

A Cordelteca está abrigada no mesmo espaço da Coleção Rachel de Queiroz, dentro da Bilbioteca da Unifor Fotos: Anchieta Dantas Jr./Blog Andarilho

Chegando ao local, não se espante ao encontrar apenas uma estante abrigando todo esse material. Afinal, os cordéis têm formato de bolso e são bastante finos.

No entanto, quando as portas de vidro que guardam os volumes se abrem, você ficará espantado com o tamanho da riqueza ali guardada.

Em forma de rimas, a gente se depara com obras abordando o humor, o cotidiano, os costumes, a política e até a medicina!

Não é à toa que o interesse da coordenação é de que o espaço, além de servir para consultas, possa estreitar laços entre o gênero e as diversas áreas do conhecimento.

Aliás, até visitar a Cordelteca da Unifor, eu não tinha ideia da ampla abordagem desse tipo de literatura, o que me deixou mais encantado ainda com essa arte.

Para facilitar a consulta, os volumes estão catalogados por autor e nome da obra, sendo que em breve também poderão ser pesquisados por assunto.

Junto ao livretos, a gente também pode ver matrizes em madeira de xilogravuras, que servem para ilustrar as capas dos cordéis, e ainda instrumentos musicais. Enfim, bem informativo e interessante.

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    Cordelteca da Unifor

Segundo eu pesquisei, a Cordelteca da Unifor, batizada como Cordelteca Maria das Neves Baptista Pimentel, a primeira mulher a publicar um folheto de cordel no Brasil, em 1938, é a 29ª do Brasil, porém, é a primeira da capital cearense.

Ela foi idealizada pela professora do curso de Medicina da Unifor, Paola Tôrres, uma apaixonada pelo tema, tendo escrito, inclusive, um cordel sobre a vida de Maria das Neves.

 

Cordel sobre a vida de Maria das Neves Baptista Pimentel, a primeira mulher a publicar um folheto de cordel no Brasil

Como visitar a cordelteca

A Cordelteca tem acesso gratuito e é aberta ao público de segunda a sexta-feira de 8h30 às 17h eaos sábados de 8h às 13h. Dica: se a sua visita for durante a semana, convém agendar antes pelo telefone (85) 3477.3169.

E já que você estará pela Unifor, que tal dedicar um tempinho para também conhecer a coleção da escritora Raquel de Querioz e a Biblioteca de Acervos Especiais? A segunda é sensacional! Saiba mais aqui.

Portanto, fica a dica para você que vem visitar Fortaleza ou que mora aqui e busca algo diferente para fazer!

 

Autor: Anchieta Dantas Jr.
 

Fonte: https://blogandarilho.com.br/lugares/brasil/atrativo-cultural-biblioteca-de-cordeis-ganha-vida-em-fortaleza/

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